segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Olhar...

Seu olhar me paralisa,
sua voz me indica uma direção.
Tempo estéril amigável
Nuvem branca passa ao léu
Penso dias, meses, anos...
Sonho uma vida
Saudades:
O brilho dos seus olhos a me admirar,
O gelado de suas mãos a me assustar e causar arrepio,
Suas histórias, suas palavras, seus elogios.
Não entendo: te quero
Sentimento profundo que nunca senti
Deixe-me te olhar, te elogiar, te amar.
Onde estão teus olhos brilhantes e sedentos?
Onde está você?
Preso em minhas lembranças e memórias.
Quem é você?
Não te conheço, não te vejo.
Um grande paradoxo:
Seu olhar continua me paralisando,
fora da realidade.
(Luiz Pires)

domingo, 25 de outubro de 2009

?

O que é um ponto de interrogação?
É uma indagação ameaçadora,
É uma dúvida cruel,
É uma questão acertiva,
É uma pergunta simplista,
É uma afirmação debochada,
É uma dica dúbia,
Ou, é um nada.
Interrogar é buscar o que não se sabe,
ou o que se quer saber.
Interrogar é ao mesmo tempo fugir da resposta
Interrogar é vontade e repressão:
Vontade de saber, vontade de calar.
Fuga e aproximação.
Situação limite instaurada.
Um "sei lá".
Um ponto de interrogação é e não é alguma coisa.
Coloque na frente, atrás, de ponta cabeça...
Será sempre um ponto de interrogação; ou não!
"?" ?

(Luiz Pires)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Inseto Voador

Um inseto que voa perdidamente
Livre, porém dependente do vento
Bate suas pequenas asas rumo ao céu
Nunca chega, seu limite é muito alto.

O perigo o atrai para o norte
A covardia o chama para o leste
A certeza o convida para o oeste
A fraqueza o leva para o sul

Mantém-se perdido no centro do Universo
Não sabe para onde ir, não quer ir
Apreendeu a voar, mas não sabe para quê.

Inseto penqueno, forte, fraco, corajoso e covarde
Inseto perdido que vive a constante busca
Inseto, este, sou eu.

(Luiz Pires)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Desejo Kierkegaardiano

O homem é incompleto
Vive uma grande busca:
Busca pela totalidade do que vive.

O homem é pulsão
Impulsiona um grande movimento:
Movimento no qual ele se perde.

O homem é guia:
Direciona seus próprios passos:
Passos para a sua consciência.

O homem é sofrimento
Perece em sua insatisfação:
Insatisfação que o lança na angústia.

Afinal, o que é o homem?
O homem é desejo:
Desejo daquilo que faz falta.

Desejo:
Potência imanente da vida.

(sem título)

Falar de amor é bobagem:
pseudointeligibilidade

Falar de sexo é besteira:
pseudomasturbação

Falar de relacionamento é bagatela:
pseudoidealização

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Fevereiro!

Másacaras coloridas e sombrias,
Reluzem em uma tarde de fevereiro
É carnaval, festa e alegria.
Sentado enquanto os blocos passam.
choro ao ver tanto encanto.
Fevereiro é um mês especial
O menor mês do ano,
porém repleto de datas especiais,
memórias incríveis...
Cada dia me lembra uma coisa:
Guerras e amores;
Nascimentos e mortes;
Términos e inícios;
Lembranças, sentimentos, memórias e desejos:
todos escondidos por detrás das máscaras.
É fevereiro, é carnaval!
E ao final (quando não bissexto):
Meu aniversário!

(Luiz Pires)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Sentir a vida!

A vida é um mar a ser dessalinizado, um campo imenso a ser limpo, uma floresta a ser explorada!
Olho para o céu, e vejo a vida escrita entre as nuvens e as estrelas: apenas poderei lê-la a partir do momento em que acreditar piamente naquilo que meu coração pode alcançar. Apenas minha alma pode compreender a vida.
Dar sentido é muito mais do que dizer algo sobre o mundo, criar conceitos ou usar-se da linguagem para significar. Dar sentido é viver, fazer uma experiência sensível: Sentir é dar sentido, mais do que entrar no campo do significante e do significado.
A alma sente, o coração pulsa, e a razão tenta compreender mas não consegue. O máximo que a razão pode chegar é a um apontamento e não a um sentido real.
O verdadeiro sentido está escrito nas estrelas. A linguagem é apenas um instrumento que tenta transmitir aquilo que a alma vive.
Viver é não ter medo de se relacionar, é viver o medo que dá o sentido da vida.
Viver é desejar cada vez mais... desejar... desejar... desejar... o desejo nos faz vivos!

(Luiz Pires)

sábado, 3 de outubro de 2009

Réquiem

Eu não te amo mais
Te fez mal estar comigo?
Não quero resposta.
O erro foi meu

O encontro é um sofrimento
Não tem que acontecer
Chorei pelos motivos errados
É uma injustiça com o mundo

Não me sinto bem
Não quero esta culpa
Não te amo mais

Falsa força para o réquiem
Gostaria de pensar assim
Assim como pensam de mim

(Luiz Pires)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Meus Fantasmas

Fantasmas rondam a minha casa
Vultos projetados pela minha imaginação
Sentimento infantil depois de adulto
Corro, e não consigo fugir

Os fantasmas estão em mim
São lembranças de um tempo distante
Lembranças que me pertencem e não somem
Os fantasmas sou eu, os fantasmas são meus

Sinto medo de mim mesmo
Medo daquilo que penso e imagino
Medo de meus fantasmas que me aterrorizam

Fantasmas de carne e osso desmaterializados
Que podem aparecer em minha porta a qualquer momento
É, os piores fantasmas são os que ainda não morreram.

(Luiz Pires)

O (des)conhecimento do homem e da vida

Um sofrimento não conhece o seu porquê
O homem sente dores que não conhece
Um caminhar não conhece o seu destino
O homem chega a lugares que não conhece
Uma escrita não conhece o seu desfecho
O homem pensa em coisas que não conhece
Um amor não conhece o seu sentido
O homem se dedica ao que não conhece
Um viver não conhece sua razão
O homem vive a vida que não conhece

(Luiz Pires)