quarta-feira, 3 de março de 2010

Medo explícito, segredo explícito.

Um segredo explícito,
Não consigo falar,
Tenho medo, muito medo.
Medo de me decepcionar,
medo da exposição,
medo do meu amor,
medo da solidão.
E, por sentir estes medos,
Guardo segredo.
E, em segredo,
Permaneço sem amar,
permaneço solitário,
permaneço exposto a mim mesmo,
permaneço decepcionado.
E todos sabem o meu segredo,
Leem nos meus olhos,
Na ausência de palavras,
No meu medo explícito.

(Luiz Pires)

Um comentário:

  1. De uma qualidade rara este poema tem seu coração no verso: "permaneço exposto a mim mesmo", momento em que ele finalmente é dito, revelado. Aí está o poema, que se revela pelo próprio peito, informando que o coração do poeta esconde-se de medo. Arte!

    ResponderExcluir